Por que você parou de ler (e como reverter isso antes que seja tarde)

⚒️Teve uma época em que eu lia livros.
Muitos livros!

Livros grandes, difíceis e teóricos e eu me orgulhava disso!

Mas nos últimos tempos, algo mudou.

Eu parei de ler. Quer dizer... não parei de vez.

Só não consigo mais terminar um livro. Leio 10 páginas, marco uma citação legal, penso "uau, isso vai mudar minha vida", e então... deixo o livro pra depois. Que nunca chega.

E aí comecei a me perguntar: "sou só eu?"

Spoiler: não sou.

Descobri que o buraco é mais embaixo. Tem professor de universidade desistindo de passar livros inteiros pros alunos porque ninguém mais lê. Aluno universitário pede resumo de no máximo três páginas.

Estamos virando zumbis de atenção curta. E não é exagero. É constatação científica.

Smartphones, TikTok, feeds infinitos. Todo mundo suspeita que esses sejam os vilões. E são mesmo — mas não são os únicos.

Vivemos em um ambiente que basicamente reprogramou nosso cérebro pra operar no modo: estímulo rápido, recompensa imediata, próxima coisa.

Netflix descobriu que, em média, você decide se vai assistir uma série nos primeiros 7 segundos. Isso é menos tempo do que você leva pra procurar o controle remoto no sofá.

Então o que eles fazem? Começam as séries com gritos, explosões e cadáveres. Literalmente. Porque se não fisgar sua atenção em 7 segundos, você vai embora.

E livros? Livros não têm explosões nas primeiras 7 páginas. Livros exigem imersão — algo que estamos cada vez menos capazes de fazer.

Mas calma.

Isso não é um lamento nostálgico do tipo “na minha época…”. É um chamado à realidade. Porque a verdade é: a gente ainda sabe focar. Só que não estamos praticando.

Sabe o que prova que você ainda sabe focar?

Você já maratonou uma temporada inteira de sua série favorita num sábado à noite.

Ou seja, o problema não é que seu cérebro perdeu a capacidade de focar. Ele só foi treinado para focar em coisas de curto prazo, de alta recompensa.

Leitura profunda é o oposto disso.

E como qualquer habilidade que você para de usar, ela atrofia.

Mas também como qualquer habilidade, ela pode ser recuperada.

Deixa eu te propor um experimento mental rápido.

Qual desses dois cereais parece mais gostoso?

Agora imagina que você tem 10 caixas na sua frente. Qual você escolhe?

Ficou mais difícil, né?

Isso é o que os psicólogos chamam de paradoxo da escolha. Quanto mais opções, mais difícil escolher — e mais insatisfeito você fica com a escolha feita.

Isso acontece com livros também. Temos literalmente milhões de títulos ao alcance de um clique. Resultado? A gente escolhe um, lê um capítulo, desconfia que o próximo pode ser melhor... e desiste.

É o equivalente mental de abrir a geladeira, dar uma olhada, e pedir delivery de novo.

Mesmo que você consiga vencer a distração digital e escolher um livro, ainda existe um obstáculo: você está cansado demais pra ler.

Cansado de verdade. Em burnout.

Segundo a Gallup, mais de 76% das pessoas dizem estar em burnout pelo menos "de vez em quando". E mais de 25% dizem estar assim "o tempo todo".

É muita gente.

A verdade é que seu cérebro funciona como um navegador com 30 abas abertas. E aí você quer sentar, relaxar e ler? Boa sorte.

Vai reler o mesmo parágrafo três vezes. Vai bocejar. Vai desistir e abrir o Instagram.

Agora vem a parte polêmica: talvez a culpa disso tudo seja da IA.

Sim, eu disse.

Desde que comecei a usar IA no meu dia a dia, meu cérebro ficou impaciente com livros. Porque por mais que um livro tenha 300 páginas, só 50 realmente valem a pena. E a IA te entrega essas 50 em 30 segundos.

Você começa a se perguntar: "por que eu estou lendo esse capítulo inútil sobre a infância do autor?"

E aí... fecha o livro e abre o ChatGPT.

É como se a IA tivesse virado uma versão mais rápida, eficiente e personalizada do próprio livro.

Isso é bom?

Depende.

Se o seu único objetivo for obter informação, talvez a IA seja mesmo a melhor ferramenta. Mas se você quer experiência, introspecção, imersão, livros ainda são o melhor caminho.

Você pode recondicionar seu cérebro. A neurociência mostra isso. Mas você vai precisar de prática. Aqui estão algumas estratégias que realmente funcionam:

Reserve um horário no seu dia (mesmo que seja só 30 minutos) em que você desliga o celular ou ativa o modo avião. Comece pequeno. Cresça aos poucos.

Escolha um canto confortável. Pode ser uma poltrona, uma rede, o chão com almofadas. Pegue uma bebida. Desligue a luz branca e acenda uma luz quente. Leia ali. Só ali.

Não tente ler 50 páginas por dia. Leia 5 páginas. Só 5. E celebre como se tivesse vencido a maratona de São Silvestre. Pequenas vitórias criam hábitos duradouros.

Deixe a IA te ajudar a entender livros complexos. Resuma capítulos. Tire dúvidas. Mas não deixe que ela substitua a experiência de viver o livro.

Combine com um amigo(a) de ler o mesmo livro. Conversem sobre ele. Troquem insights. A responsabilidade compartilhada mantém você no jogo.

Uma ótima oportunidade é participar do nosso Clube do Livro que vou deixar para falar mais detalhes ao final dessa News.

Sim, o mundo mudou.
Sim, a tecnologia avançou.
Sim, a IA é incrível (estou literalmente escrevendo isso com a ajuda dela).

Mas ler livros ainda é um dos últimos refúgios de profundidade num mundo que virou raso. Ler é uma forma de resistência. De lembrar quem você é. De pensar com calma. De se conectar com ideias que levam tempo pra serem digeridas.

Então, se você está sentindo falta disso — e eu sei que está — talvez seja hora de pegar aquele livro empoeirado da estante. Escolher um canto quieto. E começar.

Cinco páginas de cada vez.

Vamos nessa?

A vida não vem com manual.
Então eu testo — e escrevo sobre isso.
— Gus
@eusougustluiz

P.S. Na última semana, perguntei se vocês topariam um Clube do Livro Gratuito.
10 pessoas disseram sim — o suficiente pra começar. Vamos começar em agosto

Se ainda não votou e gostaria de participar só responder a pergunta abaixo.

E o nosso primeiro livro será um clássico:
“Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”, de Stephen R. Covey.

Mais detalhes vou enviar na quinta para quem topou participar, mas já pode garantir seu livro aqui:
📘 [Link para o livro na Amazon]

Ao acordar tomo 600ml de água, conforme o Dr. Fernando Lemos do Planeta Intestino sugere.

Apaguei o Instagram no meu celular estava passando muito tempo rolando o feed. Quero aproveitar esse tempo para ler e agora estou mais ativo no X.

Para escrever meus pensamentos e repostar conteúdos.

Saiu a segunda edição do forja e assunto: Forjada #02: Vencendo Sem Motivação.
Pare de depender da vontade. Crie ação. Forme hábito. E vença — mesmo nos dias ruins.